segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Festa 2 - Coxinhas e afins

Tem coisa mais brega que coxinha de galinha, risoles e quibes fritos em festas?
..
Hoje em dia o chique são aquelas coisinhas minúsculas, com cores duvidosas, e que precisam de lupas para serem identificadas. A gente acaba comendo o dobro pois nunca saciam, principalmente porque nem desconfiamos o que estamos comendo... Fica aquela conversa ridícula:
- Esse é de quê?
- Não sei, mas não pega não! Aquele ali rosa com verde tá melhor!
..
Quando entro numa festa e tem coxinha, dá um conforto... não precisa ninguém brincar de adivinho. E a gente só come o que gosta.

Me dá um autógrafo?

Sempre condenei a tietagem explícita, a cafonice de se colocar inferior diante de um ídolo, essa atitude de cunho paternalista que me parecia servir mais aos adolescentes.
..
Até que me vi, eu mesma, com um livro deslumbrante nas mãos, na frente de seu autor. Não pude dizer nada, apenas empunhei minha melhor caneta, ofereci o livro e sorri. Ao que ele brincou como sendo uma verdadeira ameaça, e sorriu de volta, me concedendo seu nome por escrito.
..
Aí compreendi que tietar é se permitir estar completamente refém daquele instante. E de sua magia.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Festa 1 - Mimosear

Raramente a gente vai a festinhas (principalmente se forem na rua, estilo "cada um paga o seu") em que o aniversariante recebe uma porção de presentes.
.
Mas como era bom quando a gente não tinha mão para carregar tanta bolsa e pacote e mal conseguia esperar chegar em casa para abrir todos os presentes.
.
Perdeu-se o prazer de escolher um mimo. Hoje, quando chego numa festa em que muito se presenteia, falo logo: "Oba, festa cafona e das boas!"

Homem protetor 1

Hoje em dia, com o advento da igualdade dos sexos, perdeu-se o hábito instintivo ou cultural, não sei bem, que os homens tinham de proteger suas mulheres na rua.
.
Por exemplo: quando o homem andava na calçada ao lado da moça, e ia para o lado de fora, junto ao meio-fio, para que ela andasse a salvo junto ao muro.
.
Só mulher cafona é que adora e ainda sente falta.

Romance explícito

é esse mesmo!
Uma vez eu vi numa revista de decoração um coração enorme, cor de rosa, colado na parede de uma casa na Alemanha.
.
Explicitar o romatismo na própria parede é pra lá de cafona.
.
Não pestanejei: pedi ajuda a uma amiga designer, que desenhou o tal coração de quase um metro de diâmetro, com linha de corte, e mandei imprimir em papel adesivo. Botei em cima da cama. Depois adaptei uma rosa branca, única, colada meio dentro e meio fora dele.
.
Chegaram a me dizer que seria difícil alguém querer dividir o espaço comigo, tamanho o mau gosto.

Beijo na boca

Noutro dia vi um casalzinho trocando beijos calientes à noite, na saída do metrô da Siqueira Campos, em Copacabana, onde faço meus estudos antropológicos. Estavam encostados na muretinha, na penumbra, naquela posição clássica: a mocinha sentada e ele, em pé, enganchado nela, de frente. Não sei se eram estudantes, não dava para ver se vestiam uniforme. Mas se beijavam e se esfregavam com vontade, na saída de algo: do trabalho(?), da escola(?), do estágio(?) da casa dos pais(?).
.
Beijar pra valer no meio da rua - cafona de morte!

Vai fazer o quê?

Antigamente nossos pais nos diziam: "Meu filho, você precisa fazer o que gosta!", mesmo que nas entrelinhas ouvíssemos:  "Seja médico, engenheiro ou advogado... tudo bem, administrador, que seja..."
.
Mais antigamente ainda, melhor era que um dos filhos fosse padre. Assim estava todo mundo mais ou menos garantido na eternidade.
.
Hoje em dia tem toda a história de "carreiras em destaque", "absorvidos pelo mercado", "em alta", "em baixa", quanto se paga por um programador Java, etc etc.
.
Fazer o que gosta virou cafona. Vocação também.